sexta-feira, 11 de junho de 2010

Será? Tão óbvio?



            Há mais de vinte anos, Renato Russo nos perguntou se conseguiríamos vencer. Se era mesmo apenas imaginação. Quem sabe, hoje, possamos responder se ainda vivemos entre monstros da nossa própria criação. Será?
            Músicas podem ser profecias, contanto que o tempo faça a vida, com seu movimento constante, mudar ou não. Se a música transbordava inquietação e esperança, é por que algo faltava. Essa é a chave. “Será”, tão encantadora canção de Renato Russo, na voz dele ou de Simone, grita por uma utopia. A intenção pode ter sido muito mais inocente no passado, porém, nunca foi tão atual e incisiva. Afinal, o que aconteceu aqui? Por que as coisas erradas precisam ser tão invioláveis quanto um pôr-do-sol?
            Temos conhecimento da situação atual de nosso país. Tão verdade é isso que reclamamos. Reclamamos muito. Como se só fôssemos capaz de exercer esse inútil movimento e não soubéssemos que as paredes da ignorância têm isolamento acústico. É por isso que ficamos “acordados, imaginando alguma solução” e nos perguntam: “Será que nada vai acontecer?” Observe, a música nos pergunta – ela não nos representa de fato – pois foi feita há muitos anos. Mentira! Ela, sim, denuncia a veracidade de tudo o que ainda pensamos ou, até mesmo, já proferimos. Como podem, então, tantas palavras, unidas, formarem melodias assim? Como podem, tantas pessoas (unidas?), agirem como se fosse tudo imaginação?
            Mesmo aqui, entro em um emaranhado de perguntas. Parece ser, desde crianças, o que melhor sabemos fazer. Que, mais do que palavras, um texto possa servir de impulso. Não é o papel, a tinta, os caracteres, que realmente mudam a nossa vida. É óbvio que são as ações. Será? Tão óbvio?

[OBS.: Adoro o lado romântico da música, especialmente na voz de Simone]

Um comentário:

  1. Olha Fernando...sinceramente...tudo é óbvio...
    Nós é que não sabemos ver..
    e.e

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